A Promotoria de Justiça de Defesa da Educação (Proeduc), do Ministério Público do DF e Territórios (MPDFT), instaurou procedimento para investigar possíveis falhas e favorecimento no processo seletivo por sorteio eletrônico do Colégio Militar Dom Pedro II, do Corpo de Bombeiros (CBMDF). A escola nega (leia mais abaixo). Famílias de estudantes denunciaram que candidatos não homologados, ou seja, que foram desclassificados, surgiram na lista de alunos selecionados no sorteio eletrônico. Após a denúncia, a escola retirou os nomes, mas realizou um novo sorteio e colocou outros concorrentes entre os aprovados. “Foi constado um erro no sorteio, e a única coisa que fizeram foi trocar os alunos. Com certeza isso não é justo. Pessoas que não deveriam participar entraram na seleção. As crianças deveriam concorrer com X candidatos, mas disputaram com X mais Y. Com certeza, houve redução da chance de seleção”, disse ao Metrópoles Fernanda (*), mãe de uma criança concorrente. Para evitar eventuais retaliações, os nomes verdadeiros dos entrevistados serão mantidos em sigilo.
Sorteio eletrônico
O processo seletivo para as vagas das turmas do Infantil IV do Colégio Militar Dom Pedro II, para o ano letivo de 2025, ocorreu na modalidade sorteio eletrônico em 11 de setembro. Antes da seleção, o colégio divulgou o resultado da homologação dos concorrentes com as listas dos nomes homologados, ou seja, autorizados para participar do sorteio, e dos não homologados, considerados inaptos para a seleção. Por isso, famílias ficaram surpresas ao ver nomes não homologados na lista de selecionados. Pelo menos seis nomes foram identificados e, além disso, o sistema divulgou o nome um candidato supostamente inexistente na lista de homologação. O Metrópoles checou as listas de homologação e seleção e confirmou os nomes. As identidades das crianças serão mantidas em sigilo. Pais e mães de estudantes não sorteados consideram grave a falha e defendem um novo sorteio. Para as famílias, o Colégio Dom Pedro II é uma referência no ensino, e, justamente por isso, a falha e a solução apresentada não são aceitáveis.
“Se fizerem um novo sorteio, pode ser que minha criança não entre novamente. Mas pelo menos seria um sorteio justo para todo mundo. Queremos um sorteio apenas com os nomes homologados”, acrescentou uma mãe. Na avaliação de Flávia (*), mãe uma criança candidata, o erro está evidente. “Qual foi o critério para retirar as crianças não homologadas selecionadas e colocarem as outras nestas vagas? Só substituíram? Foi ordem de sorteio? As listas usadas estavam corretas? O correto é fazer um novo sorteio”, defendeu.
Outro lado
O Metrópoles entrou em contato com a direção do Colégio Militar Dom Pedro II e com o CBMDF. Em nota, a escola admitiu a falha, mas rebateu a necessidade de um novo sorteio. O colégio também negou a possibilidade de qualquer tipo de favorecimento no sorteio. Pela primeira vez, o colégio utilizou o modo eletrônico para a seleção de candidatos. Segundo a direção, a ferramenta foi testada e apresentou credibilidade e segurança. Originalmente, a ferramenta faria o sorteio por números. Mas, por transparência, a escola teria inserido também os nomes dos candidatos. Após a realização do sorteio público, a comissão responsável pelo certame verificou que alguns nomes não correspondiam inicialmente aos números dos candidatos homologados. Se referiam à lista dos nomes não homologados.
“É fato que o sorteio, como previsto em edital e explicitado acima, seria apenas numérico, levando em conta somente os respectivos números de candidatos devidamente homologados. Reiteramos que as intercorrências nominais, identificadas na primeira tela apresentada no processamento do sorteio, tão logo reaberta em tom de confirmação de semente pela equipe técnica, foram saneadas de forma instantânea”, explicou o colégio.
Segundo a escola, houve um erro de comunicação do software na busca de alguns nomes. “Entretanto, reiteramos que os números foram sorteados de maneira correta e os nomes identificados como equivocados, na primeira tela da categoria específica, conforme transmissão, se restringiram a nomes de candidatos não homologados”, reforçou a direção. O colégio ressaltou que o sorteio dos números teria sido correto e sem erros. “A Comissão reitera seu compromisso com a transparência, lisura e integridade do processo seletivo. Diante de todo o exposto fica claro que não houve nenhum tipo de favorecimento a quem quer que seja”, concluiu a nota.
(*) – Nomes fictícios
Ponto de Vista: Tem que ser o certo pelo certo.
Drykarretada!