A abstenção em São Paulo, maior cidade do país, chegou a 31,54% neste domingo. Ao todo, 2,9 milhões de eleitores deixaram de votar. A título de comparação, o deputado federal Guilherme Boulos (PSOL) teve 2,3 milhões de votos. Ou seja, a abstenção na maior cidade do país foi maior que a votação do parlamentar apoiado por Lula. Como mostramos mais cedo, o prefeito de São Paulo, Ricardo Nunes (MDB), foi reeleito neste domingo, 27, no pleito mais visceral, mais disputado e conflagrado da história da capital paulista. Com 100% das urnas apuradas, Nunes teve 59,35% dos votos válidos contra 40,65% de Boulos. No primeiro turno, a abstenção foi de 27,34%: 2,5 milhões de eleitores deixaram de votar na fase inicial da eleição paulistana.
A eleição de Nunes significa também uma vitória do governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), e uma derrota retumbante do presidente Lula. O petista apostou todas as suas fichas na candidatura de Boulos e contrariou até mesmo algumas alas do partido na capital paulista, que endossaram outros nomes como de Jilmar Tatto, secretário nacional de Comunicação do PT, e da deputada federal Tabata Amaral (PSB), que ficou em quarto na disputa pelo Palácio do Anhangabaú.
Nem máquina do PT ajudou Boulos a conter abstenção
Nem mesmo a máquina partidária do PT ajudou a alavancar a candidatura de Boulos. Antes mesmo da campanha, ainda durante a pré-campanha, Lula foi condenado por ter cometido crime eleitoral ao pedir voto antecipadamente para Boulos durante um evento de 1º de maio. Lula foi multado em 20 mil reais em junho pelo juiz Paulo Eduardo de Almeida Sorci. O PT e o PSOL investiram na campanha de Boulos aproximadamente 82 milhões de reais. Somente a direção nacional do PT aportou em torno de 45 milhões de reais na campanha do candidato de Lula. A título de comparação, isso representou um terço de tudo aquilo que Lula gastou na campanha presidencial e 2022. O petista gravou vários vídeos para a campanha de Boulos, um deles, inclusive, dentro do Palácio da Alvorada – fato que gerou questionamento de parlamentares de oposição. Havia a expectativa de Lula realizar um ato de campanha no final do segundo turno, mas a ideia foi abortada após o presidente passar por um acidente doméstico.
Nem o apoio da esquerda, de Lula, de intelectuais de esquerda e o suporte financeiro conseguiram anular o ponto nefrálgico da candidatura de Boulos: a imagem de radical. Ao longo de toda a campanha, o deputado federal tentou afastar alcunha de invasor de residências. Não colou. Após ter imensas dificuldades para conseguir chegar ao segundo turno (ele ficou em primeiro, mais pouco menos de 100 mil votos na frente do terceiro colocado, Pablo Marçal – PRTB), coube ao prefeito de São Paulo apenas administrar a vantagem na fase final da campanha eleitoral. De cinco debates realizados, Nunes faltou a dois e participou daqueles que ele classificou como essenciais: Band, TV Record e o da TV Globo, na véspera do segundo turno.
Drykarretada!