A rede social X ficou suspensa durante as eleições de 2024. Não teve um pingo de boa vontade do Supremo para que retornasse, mesmo a plataforma tendo se esmerado para cumprir as exigências faraônicas da Corte. Visto pelos ministros como uma rede tóxica, por dar voz a políticos e discursos de direita, o X foi tratado como um instrumento capaz de influenciar eleições para o lado que o establishment brasileiro não quer.
EXPERIÊNCIA – É um fato grave, mas não é tudo, pois não vai ficar só nisso. Parece bastante possível que tenha se tratado de um primeiro experimento de laboratório no qual nossa reação ao chicote do STF molda a força da próxima chibatada. E a reação ao chicote foi doce e cordial. Muitos brasileiros se sentiram felizes com o bloqueio, até mesmo mais saudáveis mentalmente, como cavalos acalmados por antolhos. Jornalistas e grandes veículos comemoraram, esquecidos de que sua relevância se devia à audiência advinda da plataforma. Também advogados, que um dia se disseram garantistas, apoiaram a medida de força.
OAB ACORDA – Somente quando o chicote cantou no lombo de todo mundo, punindo com R$ 50 mil qualquer usuário que entrasse no X bloqueado, a OAB saiu de seu coma profundo e ajuizou uma ADPF (Arguição de Descumprimento de Preceito Fundamental), muito depois da ADPF ajuizada pelo Partido Novo, – essa, sim, robusta –, e que eu assinei junto com os advogados do partido. Mas talvez seja tarde, as pessoas se acostumaram ao arbítrio. Como o X foi suspenso sem muita resistência nestas eleições, será logo suspenso de novo, quando for novamente conveniente aos donos do Brasil. A pergunta não é “se”, mas “quando”. O porquê a gente já sabe – dependerá do quanto a direita se mostrar forte e, portanto, ameaçadora.
VAI DEPENDER – Se nas eleições municipais deste ano tivemos uma imensa agressividade com as redes sociais, imagine em 2026, em que o frágil governo petista tornará real a chance de a direita chegar ao poder. Certamente, suspender o X será um coelho na toga. E, como foi fácil desta vez, quem sabe não será ampliado o rol dos suspensos, encontrando-se uma ou outra lei que este ou aquele veículo de imprensa não cumpriu, encontrando-se uma ou outra opinião de jornalista a ser considerada antidemocrática. E tudo isso porque sempre haverá um bando de escova-botas que aplaude todo e qualquer desmando cometido por poderosos, claro, sempre em nome da democracia. Assistamos aos próximos capítulos. Não serão bons, nem terão um final feliz.
Drykarretada!