Na era analógica, o PT era eficiente no embate. Naqueles idos do final do século passado, era também bom de festa, de (algum) humor e criatividade. Com esses atributos, tanto fez oposição que conseguiu, e segue conseguindo, ser situação. Nesse lugar de poder pela quinta vez e na era digital, o partido parece ter sido pego de jeito no contrapé do novo tempo. Perde de lavada num ambiente dominado pela direita. Não consegue pautar as provocações nem reagir a elas de modo eficaz.
MEMES DE HADDAD – Leva o tranco e, quando (raramente) se anima a dar o troco, o faz em moeda de menor valor. Os exemplos são muitos, mas o mais recente e impressionante é a enxurrada de memes com a figura do ministro Fernando Haddad ligada ao apetite por arrecadação, popular e competentemente traduzido na palavra “taxa”. São engraçados e bem bolados, principalmente na referência a filmes de sucesso. Aqui os adversários não podem ser acusados do recurso ao ódio. São piadas, e quando não se reage a elas na calibragem certa, grudam feito chiclete. Governo e partido não têm sabido calibrar a reação. De um lado, houve uma tentativa de não passar recibo. Soou tímida e meio sem graça. De outro, os petistas Alexandre Padilha e Gleisi Hoffmann resolveram explicar a piada, muito sérios, dizendo que não há excessos na cobrança de impostos.
ATRASADINHOS – Gleisi e Padilha Fizeram isso quando a brincadeira já tomava as redes há dias e até perfis de esquerda replicavam os memes. Faltou um pouco de picardia nessa cadência. A imprensa tradicional não deu muita bola para o assunto e governistas deram de ombros. “Vai passar”, devem ter pensado ou não... O problema é que a zoeira tem rebatimento na realidade e quando isso acontece a coisa, além de não passar, tem potencial "danoso". No caso, de desqualificar o péssimo trabalho do ministro da Fazenda (Grifo Nosso). Lembremos o que o apelido “Martaxa” fez em 2004 à tentativa da então prefeita Marta Suplicy de se reeleger.
Drykarretada!