Caramelo estava sem chão. Voou sem asas. Se equilibrou no telhado. Puro instinto de sobrevivência. Sob pena de vir a ser mais um nas estatísticas tristes das enchentes no Rio Grande do Sul. Ajeitou-se com esmero sobre as telhas de alumínio. Forte e bravo, Caramelo não esmoreceu. Ficou dias ilhado. Olhos graúdos e negros olhando o céu cinzento. Com acordes de trovões e relâmpagos. Resistiu aprumado, patas brancas, cascos e ferraduras firmes. Tirou forças do dorso amarelado e raçudo. Salvo por bombeiros e dois veterinários, alinhou a vasta cabeleira acaramelada, com tons de esperança. Abatido, esfomeado, relinchou aliviado, depois da anestesia geral. Agora, farta-se com montes de capim, feno e alfafa, no Hospital Veterinário da Ulbra (Universidade Luterana). Depois da odisseia que viveu, Caramelo tornou-se o xodó, herói da resistência e personagem de críticas à "primeira-dama", Janja, que teria mandado um helicóptero da FAB para resgatar o cavalo e não gostou nada que os bombeiros tenham decidido não esperar a ajuda da Aeronáutica. Será fake news?
Ponto de Vista: VERGONHOSO! Em determinadas situações, a impressão que fica é que vidas alheias não importam quando a POLITICAGEM engole o óbvio. O correto seria todos se unirem em prol das vidas alheias que tanto precisam de nós nesse momento no Rio Grande do Sul, independente de serem pessoas ou animais. O Brasil continua á deriva em seus desastres políticos alimentados pela covardia e pela politicagem. Quanto a "primeira dama", se ela achou ruim a atitude dos bombeiros e dos veterinários, que ela fique em cima de um telhado, toda molhada, suja, com fome, com medo da morte e aguardando ajuda. Mais respeito com os animais e com o povo do Rio Grande do Sul.
Drykarretada!