É sabido que o mal sempre se disfarça de um bem. É sabido que onde há poder há tentação para o mal, porque, onde se manda em pessoas, há a possibilidade de abuso. Poder em seu sentido mais pleno significa poder fazer algo pelas pessoas. Um ministro, um juiz, um presidente tem poder para poder melhorar a vida de pessoas, de um povo, de um país, formando o que chamamos de Estado, uma ficção criada pelo homem para estabelecer princípios, leis, ética obedecida por todos para que se estabeleça uma maior justiça entre uma comunidade. A deturpação do bem público é a tentação do poder. A falta de noção da realidade somada ao narcisismo fatalmente faz do poderoso um ser maligno, um tirano no exercício de poder. A assessora do Ministério da Igualdade Racial que foi exonerada do cargo por racismo desconhece a realidade em seu redor. A assessora foi despedida do ministério que diz combater o racismo por uma fala… racista: disse que a torcida de um time de futebol era descendente de europeus safados, disse ter asco de toda a população do Estado de São Paulo. Mas o que leva uma assessora de um ministério de igualdade racial justamente a cometer racismo e xenofobia? A ignorância calculada da realidade do identitarismo, a pérola da esquerda moderna. O identitarismo separa pessoas entre grupos maus e bons de pessoas. Simples assim. Se você é homem, é um operador machista e estuprador em potencial. Se você é heterossexual, representa uma sexualidade opressora de sexualidades alternativas; se é branco, é descendente e extensão de feitores de escravos e perpetuador da escravidão e racismo contra negros. Simples — e maléfico — assim. Esta simplicidade ignorante e diabólica por óbvio gera ódio, ressentimento, preconceito, divisão social, racial, sexual, divisão humana. Gerou o racismo da assessora do Ministério da Igualdade Racial. Mais: gerou o próprio Ministério da Igualdade Racial. O Brasil já possui igualdade racial, o Brasil é o país mais miscigenado do mundo, o Brasil é uma democracia racial exemplar para o mundo pelo seu caldo de mistura étnica e cultural. Sim, ninguém nega a chaga da escravidão negra em nossa história; ninguém nega que, depois da abolição, os negros libertos foram jogados à própria sorte sem nenhum amparo do Estado, o que gerou marginalização do povo negro. Mas também ninguém nega que nos últimos dois séculos, brancos, negros, índios, europeus, cafuzos e toda sorte de raças e etnias se misturaram formando, repito, o povo mais miscigenado e, portanto, o menos racista do mundo. Evidente que há racistas no Brasil, como há assassinos, estupradores e criminosos. Mas isso jamais pode querer dizer que o Brasil é essencialmente criminoso ou essencialmente racista. O racismo brasileiro é, como todo crime, pontual, episódico, não estrutural. Crime estrutural é o identitarismo arraigado no próprio coração de um ministério da igualdade racial que promove uma falsa divisão racial que classifica pessoas como brancas e negras, opressoras e oprimidas, boas e más, e quer forçar uma dívida histórica com uma população essencialmente branca que praticamente não existe no Brasil. Quem será o juiz a determinar qual a porcentagem de melanina ou sangue negro em alguém para se perceber se ele merece uma cota racial ou ofensa de uma assessora do Ministério da Igualdade Racial que na verdade divide o Brasil em raças puras binárias? O ódio é o fomento deste identitarismo binário e ignorante da realidade étnica brasileira. Um exartista da Globo, emissora palco da divisão social brasileira, disse recentemente que o Brasil precisaria de uma guerrilha para distribuir privilégios, tomar dos brancos para dar aos negros, inclusive para dar aos negros que recaíssem no crime, porque o crime era oriundo da injustiça social e racial brasileira. Racismo do rapaz. Preconceito perdido de achar que um negro recai no crime por sua cor de pele. A imensa maioria parda, mestiça, pobre no Brasil não cai no crime e é honesta, digna, trabalhadora e não quer roubar ninguém — e muito menos matar em nome de uma ideologia racialista e divisionista. O identitarismo do Ministério da Igualdade Racial promove, pela ignorância da realidade miscigenada, democraticamente misturada brasileira, um racismo entre novas gerações. Este neo racismo identitário é ensinado em escolas, em universidades, reverberado em emissoras de rádio, televisão, como na maior emissora de TV no Brasil, a Rede Globo. Gerações inteiras estão sendo ensinadas por um ódio que se traveste de amor. Teu filho, caro leitor, filho de um pai branco, mãe mulata, avó índia, bisavô europeu, neste exato momento está sendo bombardeado por uma divisão racial em nome de um falso racismo que incide em ódio e violência. O Ministério da Igualdade Racial que promove racismo no Brasil é só a ponta do iceberg de um tipo — este sim — de divisão racial estruturada por uma elite intelectual e política que se serve de seu poder para poder exercer sua visão deturpada e maligna da realidade. A ignorância gera o mal. A ignorância no poder gera o mal absoluto.
Drykarretada!