A lógica, a razoabilidade, o simples raciocínio de “lé com cré”, tudo isso está desaparecendo no Brasil, nessa era de narrativas políticas e interpretações judiciais. Li um artigo sobre a condenação de Fernando Collor que em nenhum momento (mesmo que o autor pareça ter simpatias pelo ex-presidente), dizia se Collor é ou não inocente, se fez bem ou mal ao Brasil, se era amigo de meliantes etc. etc. etc. O texto fez basicamente uma pergunta, obvia e ululante, sobre os surpreendentes desígnios do pesadíssimo pedido de condenação a Collor (33 anos e dez meses de prisão), feito pelo relator Edson Fachin absolutamente fora do padrão atual dos tribunais superiores, sempre direcionadas à libertação de corruptos e não à condenação, sem se ater minimamente às motivações e provas nos autos.
MAS COMO? – São “crimes apurados pela Lava Jato”, diz a imprensa. Mas como, cara pálida? A Lava Jato não foi uma fraude? Seu juiz e seus procuradores não eram meros meliantes, que ignoravam as regulamentações da lei, e por isso todas as condenações de Lula foram anuladas, beneficiando outros políticos e empresários envolvidos? O que significa essa súbita ressurreição da Lava Jato, se os integrantes da força-tarefa são perseguidos por cães sedentos de sangue, agora nem mais mandato podem ter, mesmo que eleitos com votações consagradoras? Quer dizer que, para toda a quadrilha que rapinou a Petrobras e seus comparsas, apesar de todas as evidências, provas, depoimentos e valores devolvidos (muitos espontaneamente), as provas já não têm o menor valor, mas para condenar Collor está tudo valendo de novo?
REALIDADE DÚBIA – Essas perguntas, então, são descabidas? Houve mais uma mudança na realidade jurídica? O que é real, então? Ora, se descartarmos os fanáticos, os esquerdopatas, os néscios, as velhinhas de Taubaté, os seguidores de Valdomiro e os crentes na cloroquina e retidão do governo bozista, todos estão perplexos e fazem as mesmas perguntas que fazemos ou suas variações. Por que Collor foi condenado e todos os demais, inclusive o “capo de tutti capi”, foram soltos? Se puderem me informar, agradeceria. Para mim, certamente foi condenado porque ousou ganhar a eleição de Lula em 1989, apoiou Bolsonaro em 2018 e em 2022, sem se ajoelhar diante da “causa democrática/lulo/celestial”.
Drykarretada!
