É inexplicável, à luz da razão, a atitude passiva do general Gonçalves Dias, que já estava fora da caserna por longos 11 anos, era amigo de Lula há 20 anos e foi chefe de sua segurança na campanha eleitoral. O fato concreto é que o militar indicado para comandar o Gabinete de Segurança Institucional, diante da destruição causada pelos vândalos golpistas, demonstrou nas gravações uma frieza ímpar. Nenhuma reação de indignação ou de repulsa contra os bandidos de verde e amarelo, pois em seus atos criminosos eles usurpavam um símbolo nacional, a cores da nossa Bandeira.
DÚVIDAS PROCEDENTES – Estaria o então ministro-chefe do GSI apoiando e protegendo os golpistas? O fato concreto é que o general em nenhum momento demonstrou contrariedade com a presença dos invasores. E seu subordinado direto, o capitão José Eduardo Natale de Paula Pereira, mesmo sabendo que o general estava circulando pelo andar, aparece confraternizando com os vândalos e até lhes serve água mineral. As investigações da Polícia Federal vão esclarecer o procedimento do capitão e o comportamento do general que era “amigo” do Lula. Mas deve lembrar que o profeta chinês Confúcio, que viveu 500 anos antes de Jesus Cristo, costumava dizer que uma imagem valia mais do que mil palavras. Seria o general um amigo da onça? Bem, ao longo da História Republicana, os exemplos de traição envolvendo militares são fartos e bem documentados, a começar pela traição do marechal Deodoro da Fonseca a seu grande amigo, o imperador Pedro II.
MAIS TRAIÇÕES – Depois, a História se repete, com a traição do marechal Floriano Peixoto contra o já presidente Deodoro da Fonseca, ambos primos e alagoanos. Mais recentemente, tivemos o episódio entre Castelo Branco e Costa e Silva, ambos generais-presidentes. Castelo não queria entregar a faixa ao general trupier, fora do círculo Sorbonne do Exército. Mas acabou tendo de engolir a confirmação de Costa e Silva pelo Alto Comando. Com o episódio do AVC que acometeu Costa e Silva, uma Junta Militar assumiu em 1969 até a eleição do general Garrastazu Médici em 1970.
GEISEL E FIGUEIREDO – Em 1974, Ernesto Geisel foi indicado pelo Alto Comando, porque o vencedor do escrutínio no Exército havia sido o general Albuquerque Lima, que tinha três estrelas e acabou vetado pelos generais de quatro estrelas do Alto Comando. Na sucessão de Geisel em 1978, o general Hugo de Abreu, chefe da Casa Militar do presidente, foi preterido em favor do chefe do Serviço Nacional de Informações, general de quatro estrelas João Figueiredo, que era tríplice-coroado, sempre primeiro colocado nos cursos superiores do Exército. O general Abreu, que atuou firmemente para evitar o golpe preparado contra Geisel por Sylvio Frota, ministro do Exército da linha dura, foi encanteado e passou para a reserva, magoado e triste pela traição de Geisel. Portanto, como explicar esses episódios da cúpula militar?
SANTOS CRUZ – No governo Bolsonaro, a traição foi do presidente contra o general Santos Cruz, amigo de 40 anos do “mito”. O respeitado chefe militar foi demitido da Secretaria- Geral da Presidência, com falta de respeito. Bolsonaro recebeu o “amigo” de pé e comunicou a demissão sumária. Discutiram asperamente sobre uma fofoca no WhatsApp, o motivo da degola, plantado pelos filhos de Bolsonaro. Essas traições fazem parte da saga da vida humana. Assim, vamos acompanhar o desenvolvimento das investigações do vandalismo de 8 de janeiro, que agora devassam essa fase negativa da História do Brasil, para que sejam dissipadas as dúvidas ou confirmada a suposta traição do general Gonçalves Dias contra seu ex-amigo, o presidente Lula.
Drykarretada!