Uma garçonete do Bar do Mané, na Praia do Flamengo, na Zona Sul do Rio, foi vítima de injúria racial na tarde de domingo. Társila Almeida, de 21 anos, trabalhava quando foi chamada por uma cliente de “macaca suja”. A estudante também disse que a funcionária não deveria trabalhar no local e comparou sua cor ao saco plástico da lixeira. O caso foi registrado na 9ª DP (Catete) como injúria por preconceito, e a autora foi presa em flagrante. Társila conta que as ofensas começaram por volta de 12h. A cliente, identificada como Lívia Coelho, tentava acesso ao bar desde as 9h, mas o estabelecimento só abriria duas horas depois. Após a abertura do bar, a mulher passou a ingerir bebidas alcoólicas e dizer ofensas racistas contra a funcionária.
— Eu estava cuidando da banca de jornal que pertence ao bar. Nesse dia, o rapaz que cuida da banca não pôde ir, então minha gerente pediu que eu ficasse por lá. Ela (a cliente) começou a me chamar de “macaca”, “suja”, “feia” e disse que eu não merecia estar onde estava — conta. A funcionária, que está grávida, explica que preferiu não dar atenção à mulher. Mas, logo em seguida, Lívia se levantou e começou a puxar as tranças de Társila.
— Ela chegou a arrancar parte do meu cabelo da raiz. Foi quando alguns amigos meus vieram ajudar e chamaram a polícia. Nunca passei por nada semelhante a isso, me senti humilhada. Me senti humilhada no meu local de trabalho, na minha zona de conforto. Infelizmente, a minha ficha ainda não caiu totalmente. Fui trabalhar disposta, num domingo de Páscoa, e passei por isso tudo — lamenta Társila.
— Estou muito incomodada, porque a minha cor faz mal sem eu ter feito nada. Fiquei muito estressada, e como estou no começo de uma gestação, estou preocupada com o meu filho. Segundo depoimento de um policial militar que atendeu a ocorrência, Lívia Coelho aparentava estar embriagada no momento que foi abordada. Ela foi encaminhada pelos agentes à delegacia, onde foi autuada. Lívia responde também a um processo por lesão corporal e desacato a dois policiais militares em 2022. À delegacia, a mãe da suspeita alega que a filha possui transtorno afetivo bipolar e síndrome de dependência, o que a teria feito “perder o juízo crítico”. De acordo com ela, Lívia não possui “qualquer preconceito por raça, cor, etnia ou religião”.
Drykarretada!