Quantas e quantas tragédias teremos de enfrentar, para evitar os nossos erros? Tudo desmorona, despenca, já faz tanto tempo, e não somos ainda capazes de assimilar experiências, aquelas que desaguam em desgraças e também as que resultam em realizações, bonança, felicidade. Se não podemos aprender com o que experimentamos, se fechamos nossos caminhos na imaturidade, na cegueira, estaremos para sempre nos oferecendo como vítimas certas a toda sorte de absurdo. O Brasil que desliza nas encostas, nos morros das nossas cidades, na Serra do Mar é um país que ignora o passado, a história. Avançamos sobre a mata em construções insanas, apoiamo-nos no perigo... O ritmo da irresponsabilidade é avassalador, como a chuva torrencial. O solo impermeável, o precipício sendo armado, os mesmos erros nos tirando a chance de sobrevivência, nos soterrando em lama e pedra. Quanto tempo ainda temos para errar, para permitir que errem tanto? Quantas vidas se perderão ainda, até que tenhamos um país decente? São desgraças permitidas pelo poder público. A urbanização torta que costuma dar votos a políticos assassinos. A ocupação irregular do solo urbano, que movimenta uma máfia insensível de aproveitadores. Quem fala em mudanças climáticas não percebe que não mudam o desprezo pela vida humana, a exploração e condenação de desesperados, a prática do crime de aceitar uma tragédia sempre sendo armada. As lições da vida são diárias, atravessam as estações do ano, as enchentes, as secas. Se não somos capazes de aprender com elas, vamos perecer. Errar é inevitável. Não aprender com os erros é inaceitável. E isso vale para tudo na vida... Somos um país no desfiladeiro, na encosta mais íngreme, mais inclinada, na beira do precipício. E vão nos empurrar, inapelavelmente, porque não ouviram Rui Barbosa dizer que “o ensinamento do tempo que já vivemos é o mestre dos mestres, o grande maturador”.
Drykarretada!