Está havendo um furor censório. Censuraram agora até o futuro: um documentário que ainda não viram, mas que não pode ser publicado antes da eleição. Contrariaram o que está expresso no artigo 220 da Constituição, que fala em total liberdade de informação em qualquer meio, de qualquer tipo; que veda a censura, diz que nenhuma lei vai ter restrição à informação. Simplesmente desconsideraram isso. Não houve nenhuma votação no Congresso revogando o artigo 220 da Constituição; nem seria possível fazer algo tão rapidamente, porque seriam necessárias duas votações na Câmara e duas no Senado, com no mínimo 60% dos votos dos deputados e senadores. Mas quatro dos sete ministros do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) fizeram isso. Votaram pela censura os ministros Ricardo Lewandowski, Alexandre de Moraes, Benedito Gonçalves e Carmem Lúcia – ela que, quando assumiu a presidência do Supremo Tribunal Federal em 2016, disse, com a voz embargada, que “cala a boca já morreu”, e agora está mandando calar a boca. Votaram contra essa censura os ministros Raul Araújo, Sérgio Banhos e Carlos Horbach – nenhum deles indicado pelo presidente Jair Bolsonaro (PL). Com a censura, não é possível assistir agora ao documentário da Brasil Paralelo Quem mandou matar Jair Bolsonaro?, sobre quem mandou enfiar a faca de Adélio Bispo na barriga do então candidato. A decisão também desmonetizou os canais no YouTube da Brasil Paralelo, Foco do Brasil, Folha Política e DR News. “Desmonetizar” é um eufemismo que significa outra agressão à justiça e à lei, que é não dar a remuneração do trabalho que a pessoa fez. Isso é gravíssimo. O jurista Ives Gandra da Silva Martins disse que, em 64 anos de Judiciário, ele nunca viu isso, nem no governo militar. O ex-ministro do STF Marco Aurélio Mello disse que é gravíssimo, que vivemos tempos estranhos, e desabafou: “censura, nunca mais”.
Drykarretada!