Mais uma vez pedimos desculpas pelo equívoco cometido por nós na matéria anterior já corrigido. Sigamos com fé...
O importante é que tenhamos eleições e apurações transparentes, fiscalizadas por todos os segmentos da sociedade, por todos os partidos e principalmente pelo maior interessado na lisura do pleito: o eleitor. Toda a atenção agora é pouca. Fiscalizar sempre! Nesta hora dificílima por que passa o país, cada brasileiro deve ser um atento fiscal do pleito e da apuração, pois só eleições livres e honestas garantem a plena democracia! SEM DOGMAS – Sempre detestei dogmas, principalmente os que dizem respeito à infalibilidade. Acho temerário afirmar que as urnas eletrônicas e a consequente apuração são perfeitas, invioláveis e infalíveis. Numa democracia, questionar é primordial e sempre salutar. Que cada brasileiro, independentemente de sua preferência partidária, seja um fiscal dessas eleições. Sempre, em ano de eleição, são realizadas inúmeras enquetes perguntando aos eleitores se eles confiam na urna eletrônica. O fato é curioso e intrigante, Realmente a urna eletrônica foi um avanço significativo implantado pela Justiça Eleitoral e facilitou muito o andamento das eleições. EXISTEM DÚVIDAS – Mas pairam inúmeras dúvidas quanto à confiabilidade e a segurança das chamadas urnas eletrônicas. A principal delas é que no caso de uma recontagem de votos, necessária por suspeita de fraude ou outro motivo relevante, quais seriam as provas materiais para sanar as dúvidas suscitadas? O governador Leonel Brizola, vítima de uma vergonhosa tentativa de fraude em sua primeira eleição para governador do Estado do Rio de Janeiro, ainda no tempo do voto escrito, quando se tentou contra ele uma gigantesca armação nas apurações, tinha sérias dúvidas em relação à urna eletrônica. Leonel Brizola insistia que o eleitor deveria ter direito ao “papelzinho”, como ele chamava o comprovante escrito do voto exercido. DIREITO ELEMENTAR – Realmente não se compreende porque a Justiça Eleitoral insiste em negar ao eleitor brasileiro um direito tão elementar e faz disso um dogma, classificando como criminosos aqueles que questionam o atual processo eleitoral. Será que, para as autoridades responsáveis por zelar pela lisura do pleito, a infalibilidade da urna eletrônica é um dogma inquestionável? Parece até aquela história, contada com tanto humor por Sebastião Nery, a respeito daquele “coronel”, quando o eleitor de cabresto foi perguntar-lhe se ao menos poderia saber em quem o coronel tinha mandado que ele votasse, recebeu como resposta: ” Você está louco, meu filho? Nunca mais me pergunte uma asneira dessa. O voto é secreto. COMPROVANTES – Até os caixas eletrônicos das instituições bancárias dão aos usuários comprovantes impressos das transações efetuadas. Por que o mesmo singelo procedimento não pode ser adotado pela Justiça Eleitoral? Seria uma segurança a mais e mostraria respeito ao eleitor. Hoje se sabe que jovens “experts” em informática conseguem entrar em programas sofisticados como os das Forças de Segurança de países do Primeiro Mundo. Por que confiar tanto na infalibilidade da urna eletrônica adotada no Brasil. Hoje o eleitor é induzido, pelas pesquisas eleitorais, a saber, de antemão, quem serão os vencedores, principalmente das eleições majoritárias. Daí para se maquiar os resultados é somente um pulo. E é aí é que está o único perigo de golpe contra as eleições de outubro próximo. MUITO CUIDADO – Por tudo isso e em respeito à democracia, tão duramente conquistada e à vontade soberana do eleitor, todo cuidado é pouco. A Justiça Eleitoral e todas as demais Instituições nacionais precisam estar muito atentas, rigorosas e vigilantes, para que de maneira alguma possam ser suscitadas dúvidas sobre a lisura das próximas eleições!
Para quem não conhece a história do coronel, para quem o voto era tão secreto que nem o próprio eleitor não podia saber em quem havia votado, aí vai o excelente texto.
O CORONEL JARARACA
Sebastião Nery "Chico Heráclio foi o mais famoso coronel do Nordeste. Em Limoeiro, Pernambuco, quem mandava era ele. Era o senhor da terra, do fogo e do ar. Ou obedecia ou morria. Fazia eleição como um pastor. Punha o rebanho em frente à casa e ia tangendo, um a um, para o curral cívico. Na mão, o envelope cheinho de chapas. Que ninguém via, ninguém abria, ninguém sabia. Intocado e sagrado como uma virgem medieval. Depois, o rebanho voltava. Um a um. Para comer. Mesa grande e fartura fartíssima. Era o preço do voto. E a festa da vitória. Um dia, um eleitor foi mais afoito que os outros:
– Coronel, já cumpri meu dever, já fiz o que o senhor mandou. Levei as chapas, pus tudo lá dentro, direitinho. Só queria perguntar uma coisa ao senhor: em quem foi que eu votei?
– Você está louco, meu filho? Nunca mais me pergunte uma asneira dessa. O voto é secreto".
Drykarretada!