A operação da Polícia Militar do Rio de Janeiro (PMERJ) realizada em conjunto com a Polícia Federal (PF) e a Polícia Rodoviária Federal (PRF), nesta terça-feira (24), na Vila Cruzeiro, uma das favelas do Complexo da Penha, na zona norte do Rio de Janeiro, gerou atritos entre a PM fluminense e o Supremo Tribunal Federal (STF). Desde 2020 estão em vigor restrições impostas pelo STF a operações policiais em favelas do Rio de Janeiro durante a pandemia da Covid-19, o que, segundo a Polícia Militar, tem favorecido o fortalecimento das facções criminosas locais. Além disso, a corporação afirma outras consequências são o retorno para o Rio de Janeiro de lideranças que comandavam as organizações criminosas de fora do estado e também a migração de chefes de facções de outras unidades da federação para o Rio. A operação na Vila Cruzeiro, que deixou 23 mortos, estava sendo planejada há meses, mas foi deflagrada de forma emergencial devido à movimentação de narcotraficantes ligados ao Comando Vermelho, que estariam prestes a atacar outra comunidade. Após uma das equipes da PM ser alvejada, a polícia decidiu acionar uma operação de emergência com pouco mais de 100 homens, dentre policiais militares e da PRF, e houve intensa troca de tiros. No dia seguinte à ocorrência, o ministro Edson Fachin, relator da Arguição de Descumprimento de Preceito Fundamental (ADPF) 635 – chamada “ADPF das Favelas”, na qual foram determinadas as restrições às operações nas comunidades do estado – criticou a ação policial. O ministro chegou a conversar com o Procurador-Geral de Justiça do Rio e expressou “muita preocupação” com a operação. Fachin também pediu investigação da conduta dos agentes de segurança. No mesmo dia da operação, no entanto, o secretário de Polícia Militar, coronel Luiz Henrique Marinho Pires, atribuiu ao STF a culpa pela migração de criminosos de outros estados para o Rio de Janeiro, que estariam se sentindo protegidos diante da decisão da Corte de dificultar as ações policiais. Entre os mortos na ocorrência desta terça estavam lideranças do Comando Vermelho de estados das regiões Norte e Nordeste. “A gente começa a perceber essa movimentação, essa tendência de ligação com o Rio de Janeiro a partir da decisão do STF. Isso vem se acentuando nos últimos meses e essa tendência, esses esconderijos nas nossas comunidades são fruto da decisão do STF”, disse o coronel em coletiva de imprensa. Em contrapartida, ministros do Supremo questionaram, no início da sessão plenária desta quinta-feira (26), a atribuição de culpa ao STF. Enquanto Fachin disse que a imputação de culpa à Corte é “objeto de preocupação do presidente Luiz Fux e de todo o Supremo”, o ministro Luiz Fux foi mais além e disse que a PM fluminense “deve satisfações” e que está aguardando tais informações.
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