Sempre que leio notícias sobre conflitos de fronteiras, lembro das invasões que as FARCs (Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia) faziam em território brasileiro. Acompanhei bem de perto este grave problema, desde o início até seu epílogo, em 1991. Eu estava na chefia da Casa Militar do governo Collor de Mello, quando o presidente deu carta branca ao ministro do Exército, general Carlos Tinoco, para coordenar as operações contra as audaciosas invasões de nosso território pelas FARCs, que tinham resultado no covarde assassinato de três soldados e no ferimento de vários outros, inclusive do tenente que comandava a base na selva. EXÉRCITO REAGE – Devidamente autorizada e com apoio da Aeronáutica e da Marinha, uma unidade do Exército brasileiro adentrou em solo colombiano, destruiu bases terroristas e recuperou tudo que nos tinham roubado, inclusive armamentos e munições. A mídia não deu o merecido destaque a esta missão exitosa e corajosa, que evitou que se cometessem novas invasões ao território brasileiro na Amazônia. Na época, o ministro do Exército foi convocado pelo Congresso Nacional para dar explicações sobre a retaliação militar brasileira. Na ocasião, propositalmente, a iluminação da sala de reuniões da Comissão foi direcionada para os olhos do general Tinoco, a fim de perturbá-lo e prejudicar sua exposição. Foi dito pelos militares presentes que, se continuasse assim, o ministro se retiraria do local. DEZENAS E PERGUNTAS – Resolvido o impasse, foi feita a inquirição, e o ministro do Exército, ironicamente e com presença de espírito, respondeu a dezenas de indagações, inclusive algumas totalmente disparatadas. Ao final, o general Carlos Tinoco chamou a atenção dos parlamentares para um fato que considerou insólito. Disse a todos que respondera a grande número de perguntas, mas nenhuma delas abordou as mortes e os ferimentos dos militares que reagiram ao ataque, no cumprimento do dever, e que só foram resgatados dias após, porque os terroristas destruíram as comunicações locais. O silêncio na sala da comissão foi impressionante. Na hora, lembrei-me de algumas palavras do então presidente João Figueiredo, quando disse que a maioria de nossos políticos está preocupada com seus interesses eleitoreiros e não pensa no Brasil.
(Artigo enviado por Vicente Limongi Netto)
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