Em oportuna entrevista a Marlen Couto, de O Globo, o experiente Pedro Simon mostra que está em plena forma e faz uma análise brilhante do momento político que o Brasil atravessa. Aos 91 anos, senador por mais de três décadas, Simon se diz “angustiado” com a “radicalização” no cenário eleitoral, representada pelas candidaturas do presidente Jair Bolsonaro e do ex-presidente Lula da Silva. O ex-parlamentar salienta que estamos em uma época cruel. “Já vivemos uma ditadura, na qual a imprensa não podia se manifestar. Hoje, é o contrário: há tanta informação e desinformação, uma avalanche de ideias e propostas controvertidas, que ficamos incapazes de saber o que fazer. Os que têm bom senso precisam estar presentes. Não é possível a maioria ficar silenciosa”. TERCEIRA VIA – Pedro Simon acha difícil que se consiga uma articulação para garantir a unidade da chamada terceira via, campo que reúne partidos de centro e centro-esquerda e se coloca como alternativa à polarização. Realmente, não será nada fácil armar a unidade da terceira via, se o PDT insistir em boicotar essa articulação, na esperança de que Ciro Gomes consiga chegar aos 15% almejados para se tornar o candidato alternativo. Lembremos que no primeiro turno de 2018 Ciro teve 12,47%, mas agora não consegue chegar a 10%. Com a entrada de Sérgio Moro na disputa, Ciro deve perder bastante votos, mas continua no páreo, devido à atual divisão entre nove candidatos alternativos. A persistir esse cenário, nada indica que se consiga derrotar os dois favoritos, Lula e Bolsonaro. ÚNICA SAÍDA – Só existe uma saída, já proposta pelo tucano João Doria. Todos os nove candidatos alternativos precisam assumir o compromisso de apoiar aquele que estiver em melhor situação nas pesquisas em março, antes do prazo de desincompatibilização. Se isso acontecer, haverá uma coalizão tão forte que realmente poderá chegar ao segundo turno e acabar vencendo a eleição. Motivo: num segundo turno contra Lula, o candidato da terceira via está destinado a receber a maioria dos votos de Bolsonaro. Da mesma forma, num segundo turno contra Bolsonaro, a terceira via levará a maior parte dos votos dados a Lula no primeiro turno. Portanto, poderá conseguir maioria absoluta dos votos válidos.
Drykarretada!