Em entrevista à Folha, semana passada, o ministro Marco Aurélio Mello, decano do Supremo Tribunal Federal, deu uma verdadeira aula de Direito e Política, que deve ser enaltecida até mesmo por quem não simpatiza com ele. Disse que a repentina demissão da cúpula militar (ministro da Defesa e comandantes das três Armas, gerou insegurança. “De início, qualquer modificação gera instabilidade e aí surgem as especulações, acentuou, acrescentando: “A repercussão é ruim porque, principalmente considerando o leigo, gera insegurança, insegurança jurídica, e para viver em sociedade nós precisamos de segurança”, disse o ministro. “Forças Armadas não são órgão do governo, são órgão do Estado”.
Uma declaração perfeita, irretocável, especialmente no que diz respeito à afirmação de que “para viver em sociedade nós precisamos de segurança”. Esse é exatamente o ponto fraco do Brasil de hoje, que vive em situação de permanente insegurança, em todos os sentidos.
FACHIN E CÁRMEN LÚCIA – O ministro falou demoradamente sobre insegurança jurídica, dizendo ter ficado “perplexo” com as decisões de Edson Fachin, que anulou as condenações de Lula da Silva alegando uma suposta incompetência do então juiz Sérgio Moro que se mantinha intocável desde 2016 nas quatro instâncias, e de Cármen Lúcia, que mudou seu voto para anular a condenação de Lula no caso do tríplex, sem haver nenhum fato novo.
Ou seja, Marco Aurélio Mello não somente reconheceu abertamente a decisiva atuação do Supremo para instaurar a insegurança jurídica, como também fez questão de destacar a importância da Lava Jato e classificou Sérgio Moro como “um grande juiz”.
Em tradução simultânea, vivemos uma era de esculhambação jurídica, sem a menor justificativa, implantada pelos próprios ministros do Supremo, inclusive Marco Aurélio Mello, que já tomou decisões aterradoras, como a libertação do mega traficante André do Rap, devido a uma falha pontual do juiz de primeira instância.
APOSENTADORIA – Falta pouco para a aposentadoria de Marco Aurélio, da 5 de julho. Acredita-se que ele esteja planejando um grand finale operístico, que deve começar no julgamento do próximo dia 14, quando o plenário vai julgar a decisão escalafobética de Edson Fachin que sepultou todos os processos e condenações de Lula.
Será o penúltimo a votar nesse importantíssimo julgamento, cujo principal efeito será impedir ou carimbar mais uma candidatura de Lula à presidência da República, que ele “honrou” com o Mensalão e o Petrolão, dois mega escândalos de corrupção, além de criar um elevado cargo público para satisfazer a amante, com escritório luxuoso, secretárias, assessores, motorista, carro blindado, cartão corporativo e passaporte diplomático, para que pudesse acompanha-lo em 34 viagens oficiais ao exterior.
Espera-se que até a aposentadoria Marco Aurélio diga também o que realmente pensa de seu irreconciliável inimigo Gilmar Mendes, que há alguns o ridicularizou em plena sessão e ameaçou o pedir o impeachment dele por crime de responsabilidade. Até hoje Marco Aurélio não revidou, mas pode estar chegando a hora.
Drykarretada!